Todas as soluções estão
incluídas?
Para resolver uma equação diferencial
ordinária linear homogênea de 2
ordem
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(1) |
nosso procedimento usual tem sido o de, em primeiro lugar,
encontrar duas soluções linearmente independentes
e
. A seguir, utilizando o Princípio da
Superposição, temos que as combinações lineares
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(2) |
são soluções da EDO (1). Finalmente, argumentamos que,
como a expressão (2) já envolve duas constantes
arbitrárias, (2) é a solução geral de (1).
O procedimento descrito acima pode ser justificado rigorosamente,
mas a justificativa para o fato de que a expressão (2) contém
todas as soluções da EDO (1) envolve certos detalhes que
estão em um nível acima do presente curso. O aluno que
tenta entender o assunto, freqüentemente fica ainda em
dúvida se não poderiam existir outras soluções além
daquelas dadas por (2).
Apesar de que, para manter o nível deste curso, não
podermos convencer o aluno com uma demonstração para o caso
geral da equação (1), é perfeitamente possível dar uma
demonstração simples e elementar para o caso particular das
equações lineares homogêneas com coeficientes constantes,
que cobre, por exemplo, as oscilações livres em um
sistema massa-mola, ou em um circuito
-
-
. Comecemos
com uma exemplo.
Exempo 1. Consideremos a EDO
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(3) |
Sabemos que, para
raiz da equação
característica
, a exponencial
é solução da EDO (3). Esta
equação característica tem duas raízes,
e
. Segue que
e
são duas soluções linearmente
independentes de (3). Pelo Princípio da
Superposição,
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(4) |
é uma família de soluções de (3). Vamos agora provar
que qualquer solução da EDO (3) está
contida em (4).
De fato, seja
uma solução qualquer da EDO (3). Seja
Substituindo
em (3), obtém-se
ou seja,
ou ainda,
Segue daí que
Multiplicando esta última equação por
,
obtém-se
isto é,
Segue que
Como
é uma constante arbitrária, podemos escrever
em lugar de
, que o significado é o mesmo.
Assim,
Como
, obtemos, finalmente,
Ficou então provado que toda solução
da EDO (3) faz
parte da família (4).
O raciocínio acima pode ser empregado para qualquer EDO
linear de coeficientes constantes.
Caso Genérico. Consideremos a EDO
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(5) |
Suponhamos que a equação
característica tenha duas raízes diferentes, reais ou
complexas,

e
onde
. Seja
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(6) |
Substituindo
na EDO (5), obtém-se, como no Exemplo 1,
ou seja,
Como
é uma raiz da equação
característica, o coeficiente de
na equação acima
é 0,
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(7) |
Também
de modo que (7) nos diz que
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(8) |
ou seja,
Multiplicando estaequação por
,
obtém-se
isto é,
Segue daí que
Como
é uma constante arbitrária, podemos dizer, de forma
equivalente, que
Finalmente, substituindo em (6), temos que toda solução de
(5) é da forma
Caso de Raiz Dupla. Para completar o
argumento, falta ainda considerar o caso em que a equação
característica da EDO (1) tem raiz real dupla
. O argumento é igual ao do caso
considerado acima, exceto que agora (8) se reduz a
.
Logo
e
. Portanto qualquer
solução de (1) é da forma
.
Eduardo Brietzke