Vamos usar os símbolospara indicar as coordenadas esféricas de um ponto.
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Temos e também
Nosso objetivo é expressar o laplaciano em 3 variáveis![]()
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em termos das coordenadas esféricas. Um cálculo direto é bastante longo. Por isto seguimos outro caminho. Usando a expressão do laplaciano em 2 variáveis em termos das coordenadas polares, temos
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(1) |
Notemos que as relaçõessão análogas às relações entre as coordenadas cartesianas e polares no plano, somente, agora, com![]()
e
desempenhando, respectivamente, os papéis de
e
. Portanto, usando novamente a expressão do laplaciano em cordenadas polares, podemos escrever
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(2) |
Somandoa ambos os lados em (1) temos
e, usando (2),![]()
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(3) |
Precisamos expressarem coordenadas esféricas. Pela regra da cadeia
Em (1), estávamos mantendo![]()
fixo e tomando
e
como variáveis independentes, de modo que
. Portanto
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(4) |
Desegue que![]()
![]() |
(5) |
Por outro lado, de
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(6) |
segue que
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(7) |
Usando (5) e (6) em (7), obtém-se
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(8) |
Finalmente, substituindo (5) e (6) em (4), segue quee, portanto,![]()
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(9) |
Finalmene, substituindo (9) em (3), obtemos
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(10) |
que é a expressão do laplaciano em coordenadas esféricas.
Simetria Axial
Vamos considerar somente problemas com simetria axial, isto é, o caso em que a funçãoindepende de
, dependendo apenas de
e
. As derivadas em relação a
se anulam e a expressão do laplaciano então se simplifica um pouco,
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(11) |
Exemplo Dois hemisférios condutores de raio 1 são carregados até atingirem os potenciais dee
, respectivamente.
Como o potencial na esfera independe de
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Determinar o potencial:
(a) Na região interior;
(b) Na região exterior.
Solução:
(a) Na região interior![]()
, no
todo também vai independer, isto é, a solução
vai depender apenas de
e
. Temos, portanto, para
, o problema de Dirichlet
Resolvendo por separação de variáveis, iniciamos substituindo![]()
na equação diferencial. Obtemos
Multiplicando por![]()
e dividindo por
, separamos as variáveis
Seguem daí as duas equações diferenciais independentes
Apesar de mais complicada, vamos começar resolvendo a segunda equação.e
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Este é um problema clássico, para o qual existe um método também clássico de resolução. Ele consiste em fazer a mudança de variável.
Substituindo na equação diferencial obtemos
isto é,
que é a já estudada equação de Legendre. Como a variação de![]()
é no intervalo
, segue que
varia no intervalo
. Mas só nos servem soluções limitadas da equação de Legendre no intervalo
, soluções que sejam definidas e finitas para
. Como vimos acima, isto só acontece para
Substituindo este valor de![]()
na outra equação, obtemos a equação de Euler-Cauchy
cuja solução geral é
pois![]()
e
são as soluções da equação
.
Os cálculos que fizemos até aqui são válidos tanto para a região interior quanto exterior à esfera. Seriam válidos também para a região entre duas esferas centradas na origem.
Conclusão: Procurando pelo método de separação de variáveis, as funções da formasatisfazendo a equação de Laplace![]()
, encontramos para cada
![]()
e
![]()
Neste ponto vamos começar a tratar especificamente o problema de Dirichlet para a região interior à esfera. Estamos procurando soluções definidas inclusive na origem, onde. Logo
, pois
se torna infinita na origem. Assim,
e, então,
Fazendo a superposição, temos
As condições de fronteira
nos dizem que os![]()
são os coeficientes da expansão
Sabemos que
A integral acima foi calculada em um exercício da lista,![]()
e
Logo, na região interior à esfera,![]()
,
![]()
(b) Na região exterior
Passamos agora a considerar o problema de DirichletA solução é igual ao anterior, exceto que agora, para
a condição![]()
nos dá
, isto é,
A solução, então é,
Como acima, obtemos
Logo, na região exterior à esfera,e
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,
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