Ponto Singular Irregular Exemplos
Recordemos que um ponto singular
para a equação diferencial
é dito um ponto singular regular se

é analítica em

e

é analítica em

,
isto é, se a singularidade dos coeficientes
e
pode ser removida pela multiplicação,
respectivamente, por
e
.
Um ponto singular que não é regular é chamado de ponto
singular irregular. Para os pontos singulares regulares foi
desenvolvido o método de Frobenius. Vamos mostrar com exemplos
que no caso de ponto singular irregular pode não existir
solução em série de potências.
Exemplo 1. Consideremos a equação diferencial
 |
(1) |
próximo ao ponto
.
Trata-se de um ponto singular irregular. De fato, dividindo (1) por
, para reduzir a equação à forma
canônica, temos

e
de modo que a função
não é analítica no
ponto
. Vamos procurar, como no método de Frobenius,
uma solução da forma
 |
(2) |
Substituindo em (1), temos
ou seja,
ou ainda,
Segue daí que
e também a fórmula de recorrência
Para
, a recorrência fica
Logo
 |
(3) |
Aplicando (3) repetidas vezes, obtemos
Logo a solução deve ser
 |
(4) |
Acontece que a série de potências (4) tem raio de
convergência
, isto é, converge apenas para
, não definindo, portanto, uma função. De fato, se
, pelo teste da razão,
Pelo teste da razão, (4) diverge para todo
.
Conclusão: A equação diferencial (1)
não admite solução em forma de série (2).
Exemplo 2. Consideremos agora a equação
diferencial
 |
(5) |
é um ponto singular irregular. Procurando
solução da forma (2), temos
Logo
Segue que
Obtém-se a equação
 |
(6) |
e a fórmula de recorrência
 |
(7) |
Substituindo a solução de (6)
em (7), obtém-se
 |
(8) |
É necessário distinguir 2 casos.
Caso 1:
.
Neste caso o coeficiente de
em (8) nunca se
anula. Então
A solução é
 |
(9) |
Pelo teste da razão, a série (9) tem raio de convergência 0,
converge somente para
. De fato, se
, então
Pelo mesmo argumento do primeiro exemplo, neste caso a EDO (5)
não admite solução em forma de série (2).
Caso 2:
.
Neste caso o coeficiente de
em (8) vai se
anular para um certo
. Para fixar as idéias, digamos que
. Vamos ter
 |
(10) |
Segue que
Para
, (10) fica
Logo
Para
, (10) nos diz
e, portanto,
Seguindo o argumento, obtemos
Neste caso temos uma solução em forma de série (2), o
polinômio
No caso (2) temos sempre uma solução polinomial.
Eduardo Brietzke